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Publicada em: 28/12/2013 19:35 - Atualizada em: 30/12/2013 19:17
MPF quer saber quem matou o ex-gammonense "Queixada"
Ministério Público Federal quer que o Exército Brasileiro identifique os assassinos de ex-militantes da Ação Libertadora Nacional, entre eles está um ex-gammonense

Adriano Fonseca Filho foi assassinado e teve a cabeça cortada no meio da mata do Araguaia, ele morou em Lavras três anos e aqui fez amigos e admiradores. Abaixo: no enterro dos restos mortais de Arnaldo Cardoso Rocha, fotos de companheiros desaparecidos foram colocados ao lado da sepultura, entre eles está Adriano Fonseca Filho, o "Queixada", ex-gamonense e presbiteriano. Foto Euler Jr/EM/ D.A Press

 

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O Ministério Público Federal vai entrar na Justiça para que o Exército Brasileiro identifique os autores do assassinato de Arnaldo Cardoso Rocha, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e de todos os militantes de esquerda desaparecidos, entre eles, Adriano Fonseca Filho, o Queixada. Arnaldo foi torturado e morto entre 15 e 16 de março de 1973 pelo DOI-Codi do 2º Exército em São Paulo.

O corpo do ex-guerrilheiro foi exumado este ano, no dia 12 de agosto, quando foi confirmada, pelo laudo pericial, a versão oficial de sua morte, diferente da que foi informada na época da ditadura militar. Segundo a versão oficial na época, o militante havia sido morto em combate mas, de acordo com a perícia feita na exumação, Arnaldo não foi morto em combate, e sim  torturado antes de executado.

A viúva do ex-guerrilheiro, Iara Xavier Pereira, 62 anos, disse que vai enviar o laudo ao Ministério Público Federal em São Paulo, que já abriu processo de investigação. A tortura é crime de lesa-humanidade e não pode prescrever. Iara estava grávida quando Arnaldo foi capturado, a família acusa o DOI-Codi, que era comandado por Carlos Alberto Brilhante Ustra. "Ele e o Exército têm de ser intimados para indicar quem integrava a equipe de captura e a equipe da tortura. Ustra tem de responder pelo subordinado que cometeu o crime", disse a viúva Iara Xavier Pereira.

Conhecido pelo codinome de Dr. Tibiriçá, Carlos Alberto Brilhante Ustra é um coronel reformado do Exército que entre 1970 e 1974 chefiou o DOI-Codi do 2º Exército em São Paulo, um dos órgãos mais atuantes na repressão política. Em 2008, Ustra se tornou o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador.

Os restos mortais de Arnaldo Cardoso Rocha foram enterrados na sexta-feira, dia 27, no Parque da Colina. Acompanharam o sepultamento irmãos e irmãs de Arnaldo, de representantes da Comissão Estadual da Verdade, ex-militantes da Ação Libertadora Nacional, representantes da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, entre outros.

Parentes de pessoas desaparecidas na época do "regime de chumbo", como era chamado o regime militar, colocaram ao lado da sepultura dos restos mortais de Arnaldo, fotografias de ex-companheiros de luta que também estão desaparecidos e sem nenhuma notícia do paradeiro do corpo, entre as fotos uma chama a atenção dos lavrenses, a do ex-gamonense Adriano Fonseca Filho, o "Adrianinho" ou "Queixada", estudante do Instituto Gammon na década de 60. Adriano, cuja alcunha "Adrianinho" foi por causa de sua estatura,1,96, jogou basquete em Lavras e aqui estudou do primeiro ao terceiro científico, o Ensino Médio, como é dito hoje. Já o apelido de "Queixada" foi devido ao queixo grande que tinha.

Adriano era natural de Ponte Nova (MG), era o segundo de cinco irmãos em uma família presbiteriana, por isso que veio para Lavras estudar numa escola de protestantes. Seu ginásio, ou Ensino Fundamental, como é hoje, foi no Colégio Batista em Belo Horizonte. Tanto em Belo Horizonte quanto Lavras, estudava em regime de internato.

Aos 17 anos terminou o curso científico em Lavras, transferindo-se, então, para o Rio de Janeiro, onde se envolveu com a política. Pouco depois da morte de Edson Luís de Lima Souto, no Restaurante Calabouço em 1968, no Rio de Janeiro, Adriano foi para Ponte Nova onde ficou por seis meses com a família. Nesta época estreitou sua amizade com o compositor e cantor João Bosco. Adriano também era ligado à música e à arte.

De volta ao Rio de Janeiro, cerca de seis meses depois, trabalhou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e se dedicou ao teatro, encenando e escrevendo peças teatrais. Uma das peças em que atuou como ator foi encenada no teatro "Tereza Rachel". Adriano estudou no cursinho pré-vestibular do Centro Acadêmico "Edson Luís" (CAEL) em 1968 e, nesse período, iniciou sua participação no movimento estudantil em luta por aumento de vagas nas universidades.

Adriano foi aprovado no vestibular no final de 1968, iniciando o curso de Filosofia em 1969. Ainda no primeiro semestre de 1969, começou sua militância política no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Participou ativamente do movimento estudantil e, em 1970, após a edição do Ato Institucional n. 5 (AI-5), com a intensificação da repressão foi obrigado a entrar para a clandestinidade. Nesse período, foi morar num sótão, em um prédio antigo no Leblon com Ronald de Oliveira Rocha, seu companheiro de organização. Aí viveu durante um ano e meio.

No final de 1970, início de 1971, participou da Comissão Organizadora da Juventude Patriótica, movimento de frente única de jovens, criado por iniciativa do PCdoB. Já nessa época abandonou o emprego devido a questões de segurança, por já estar vivendo como clandestino. Foi então que se colocou à disposição do PCdoB para fazer um trabalho especial no campo.

Em função disso, foi destacado para ir para o Araguaia, indo viver na região da Gameleira, incorporando-se ao Destacamento B, cujo comandante era Osvaldo Orlando da Costa - o Osvaldão, e usando os codinomes Chico, Queixada, Alberto e Felipe. Tinha, nessa época, 23 anos de idade. Adriano Fonseca Filho foi ferido em combate no dia 28 ou 29 de novembro de 1973, próximo à grota do Nascimento, estando desaparecido desde então. Já o Relatório do Ministério da Marinha diz que ele foi "morto na região do Araguaia em 3 de dezembro de 1973".

O jornal "Correio Brasiliense", em agosto de 2006, publicou uma entrevista com o mateiro Cícero Pereira, que disse ao jornal: "não quero morrer com esse peso na consciência, sem contar tudo o que vi.'' No trecho mais assustador de seu depoimento, contou como assistiu à morte e decapitação do guerrilheiro Adriano Fonseca Fernandes Filho, conhecido como Chicão (codinome) ou Queixada. ''Ele foi morto por Raimundinho com um tiro de espingarda no peito, a mando do tenente que comandava a operação'', afirmou Cícero. ''Quando recebeu a bala, o Chicão botou a mão na cara e deu um gemido doído que até hoje parece que eu escuto".

''Depois, o mesmo Raimundinho cortou a cabeça do Chicão'', afirmou. ''Ajudei a carregar a cabeça dele num saco pelo meio da mata'', destacou o ex-guia do Exército no Araguaia. ''Pesava tanto que até parecia um corpo inteiro''. Seguindo as indicações de Cícero, o Correio tentou encontrar Raimundinho, um camponês, mas o homem acusado de matar Adriano não foi localizado. Cícero conta que assistiu a tudo com uma espingarda na mão e um pé apoiado num toco. Isso teria acontecido no final de novembro de 1973.

Na matéria do jornal, o mateiro Cícero faz sérias denúncias contra Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió, um dos comandantes da repressão militar ao movimento armado do Araguaia. Ex-deputado federal, Curió foi o chefe do garimpo de Serra Pelada. Atualmente mora no Sul do Pará, próxima ao garimpo de Serra Pelada. Atualmente o Major Curió reside em Brasília.

Muitos acreditam que o Major Curió tem um arquivo detalhado de todas as suas ações  e seus assassinatos, ele é uma pessoa que documentava meticulosamente tudo, como os nazistas e o Khmer Vermelho.

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