Padre Bolivar, que conseguiu em 16 anos, reunir cerca de 3 mil corujas. O acervo está exposto no Pavilhão "Sagrada Família", em Itumirim. Fotos: Jornal de Lavras
Quem coleciona selos é filatelista; quem coleciona moedas é numismata; quem coleciona cartões é cartofilista, agora quem coleciona corujas é... colecionador de corujas, pelo menos não foi encontrada nenhuma nomenclatura neste sentido. De qualquer forma, eles existem, e são muitos. Eles colecionam tudo que tem coruja, são fotografias, miniaturas, estampa em tecidos, jóias, brinquedos, abajures, xícaras e uma infinidade de produtos.
Na região tem um grande colecionador de corujas, um colecionador com quase 3 mil peças, e todas estão em exposição na cidade de Itumirim. O colecionador é uma das pessoas mais queridas daquela cidade, é o padre Bolivar Vieira de Resende Queiroz, uma pessoa muito conhecida e querida também em Lavras, pois aqui permaneceu por quatro anos na Matriz de São Sebastião, antes de ser transferido para Itumirim, há 16 anos.
Coruja é o símbolo da sabedoria, da pedagogia e da filosofia, isso por influência da mitologia grega, tanto que Athena, deusa da guerra e da sabedoria, tinha uma coruja como mascote. Os gregos consideravam a noite como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual e a coruja, por ser uma ave noturna, acabou representando essa busca pelo saber. A coruja é considerada por muitos também como animal agourento e feio, isso por influência do Império Romano, por exemplo, e também que seu canto anunciaria a proximidade da morte.
A ideia do padre Bolivar de colecionar corujas começou quando ele foi transferido de Lavras para Itumirim, segundo ele, os amigos lavrenses brincavam com ele dizendo: "Bolivar, o padre da coruja"; isso porque Itumirim era conhecida como "Coruja" até o dia 9 de setembro de 1924, quando em Lavras a Câmara Municipal votou e aprovou a lei municipal 860 que dava denominação ao então distrito com o nome da ave, de Itumirim, nome tupy-guarany que quer dizer: "cachoeira pequena".
Padre Bolivar é um homem apaixonado pela história e pela cultura, tanto que hoje ele é o secretário Municipal de Cultura e Turismo daquela cidade. Ele descobriu que muitos moradores de itumirim achavam pejorativo e ofensivo quando alguém se referia àquela cidade como "coruja". Manter a tradição é manter a história, por isso, padre Bolivar conseguiu mudar a concepção de pejorativo e ofensivo.
Foi nesta época que ele deu início a uma coleção de corujas, coleção que cresceu tanto que hoje demanda espaço físico para acondicionar tanta corujas. Ele tem peças valiosas e peças simples, tudo vale para a coleção, desde que o símbolo da sabedoria esteja lá.
Padre Bolivar está dividindo a beleza de sua coleção com os moradores de Itumirim e da região, toda sua coleção está exposta no Pavilhão "Sagrada Família", uma estrutura gigantesca, que aliás, foi construída por ele com o apoio da comunidade itumirense.
A exposição permanecerá no Pavilhão até o final desta semana, quando também estarão expostos naquele local, dias 14 e 15, o rico artesanato de Itumirim. Padre Bolivar disse que está feliz com o propósito de divulgar aquela cidade, que ele chama de "Suíça do Sul de Minas", e justifica: "é muita beleza para um lugar só". Orgulhoso, ele mostra as serras que rodeiam a cidade, ele disse que Itumirim é conhecida como terra das orquídeas, das cachoeiras, do rio Capivari, das serras e, agora, das corujas.
Sobre o seu trabalho como Secretário Municipal, o padre que nasceu em São João del-Rei, mas tem a alma de Itumirim, disse que está lutando para conseguir um carro de passageiros da ferrovia para montar uma biblioteca em Itumirim. O seu projeto já tem até denominação: "viajar sem sair do lugar".
O padre disse que história de Itumirim está ligada à ferrovia, por isso que um carro de passageiros para sediar uma biblioteca seria também um encontro da cidade com sua história.
A exposição de corujas da coleção do padre de Itumirim vale a pena ser visitada. Marque na sua agenda uma visita ao Pavilhão Sagrada Família e confira. No sábado e domingo duas exposições estão agendadas naquele espaço de festa e de exposições: a mostra de artesanato e a de corujas.
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