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Publicada em: 20/05/2013 12:10 - Atualizada em: 03/04/2014 10:39
Frigideira apresenta: Teatro da Câmara Municipal
A Frigideira, que fez muito sucesso em Lavras no jornal A Gazeta, na década de 80, está de volta, agora no Jornal de Lavras

Imagem ilustrativa

 

 

Siga-nos no Twitter: @jlavras

O Jornal de Lavras começa hoje uma nova seção, uma seção ora cultural, ora medicinal, ora empresarial, política... o que comandará será a irreverência. Na verdade, ela não é tão nova assim, é o retorno da Frigideira, seção do jornal A gazeta que fazia grande sucesso na década de 80. A Frigideira retorna com o mesmo autor e ela sempre apontará a visão do Jornal de Lavras com relação aos assuntos aqui "fritados". Ela será publicada eventualmente, e a primeira publicação é sobre teatro.

Pedimos aos lavrenses que avaliem a peça e comente e dê sugestões. Como nós não entendemos nada de teatro, imaginamos que seja assim o script. Cenário: uma roça; atores: compadre um, compadre dois e a mulher do compadre um. Enredo: o compadre dois vai visitar o compadre um e o assunto é sobre a política de Lavras; durante a conversa dos dois, a mulher do compadre um, que cuida da lida da roça, fala com o marido, que conversa na varanda da casa com o compadre dois.

 

Primeiro e único ato

O compadre dois vai visitar o compadre um, ele está assustado, porque veio da cidade e ficou sabendo como anda a política em Lavras e o assunto desenrola nesta linha:

-Compadre, eu vim lá da cidade e a coisa lá ta feia, os vereadores tão pegando, tem briga quase todos os dias na Câmara Municipal.

-Que isso compadre, então o negócio é sério.

-Muito sério. O pior ocê num sabe, tudo passa na televisão. Me contaram tudo lá na cidade, se ocê quiser saber é só perguntar que eu falo.

-Compadre, então ocê conhece esse tar de Leandro Moretti?

- Conheço, foi ele que lançou a dupla Leone & Raí, mas agora ele ta mudando, ta querendo ser cantor e até formou uma dupla sertaneja com um blogueiro, dizem que o blogueiro escreve e ele canta. Pra falar a verdade, compadre, não vai dar muito certo não, sabe por que?

- hum

- A letra da música do blogueiro é um sertanejo moderno, é essa música meio sem pé e sem cabeça.

- Como que chama a dupla compadre?

- Esqueci...como que chama aquela arma do cano curto muito usada por bandido?

- Escopeta!

- Isso, a dupla chama Escopeta e Cartucheira.

- Hum!

-Lembrei de uma coisa, compadre, se algum dia esse tar de Leandro Moretti ti perguntar onde fica qualquer coisa, mostra pra ele com o queixo. Aponta com o queixo, viu?

-Por que, compadre?

-Se você apontar do dedo ele "plequeti!", quebra o seu dedo.

-Crus credo, Ave Maria! Escuta, compadre, e esse tar de delegado Cleber Provedor?

- Num é Provedor não compadre, é Pevidor.

- Engraçado, eu já ouvi aquele moço que trabalha num restaurante e que também é vereador chamando ele de Provedor.

-É, mas é Pevidor!

- O que ocê acha dele, compadre?

- Bão, eu acho que...

- Zééééé!!!

-O que muié?

-Posso sortar esse bicho diferente que está preso nesta gaiola?

-Não, deixa ele quieto aí, o veterinário falou que ele é exótico, que ele num ta enturmando com a bicharada não, o veterinário falou que ele ta meio triste assim porque ele num ta conseguindo misturar com outros bichos, ele ta meio fora do ninho.

-O que a gente tava falando mesmo, compadre?

-Dos vereadores compadre.

-Isso.

-Ô compadre, o que ocê acha desse tar de Tititi?

-Num é Tititi não compadre, é Tilili.

-Hummmm. O que ocê acha dele?

-Bão, eu acho que...

- Zééééé!!!

-O que muié?

-Esse galinho garnizé ta querendo brigar com todos os bichos aqui do galinheiro, posso separar ele?

-Não, deixa ele aí, num demora um galo índio pega ele de jeito e vai baixar a crista dele.

-O que a gente tava falando mesmo compadre?

-Dos vereadores, compadre.

-Isso.

-Compadre, e esse tar de Sô Zé?

-Sô Zé é benzedô.

-Né não compadre, ele é médico.

-Sô Zé não, é benzedô mesmo.

-Peraí, quem faz cirurgia num é médico?

-Claro!

-Então, eu escuto todo mundo falando que o tar de Sô Zé é cirúrgico na sua fala?!

-Pois é compadre, ele é benzedô, mas pode chamar ele de professor também, ele vive ensinando as coisas para os outros.

-Compadre, e esse tar de Zé Márcio?

-Num gosto dele não compadre, acho ele  meio metido, só fala numa tar de ética, tem uma conversa ruim, fala que vereador tem é que legislar e fiscalizar o executivo. É metido porque nunca mandou um abraço pra ninguém. E tem mais, ocê conhece o Tião do Armazém?

-Claro, ele é amigo de todo mundo.

-Pois é, o tar de Zé Márcio nunca falou do armazém do Tião na reunião, nunca mandou um abraço pra ele. E quer saber mais? Ele é atreticano!

-Hiiiii, nois é cruzeirense.

-É, mas dizem que a turma dos atreticano também num ta boa com ele não, sabe por que? Ele viajou na van pra assistir jogo do Atretico e até hoje ele num falou do Juca motorista da van na televisão, num mandou abraço pra ele.

-Então ele é metido mesmo.

-Muito

-Por falar nisso, ocê conhece o tar de Tatu Cruzeiro?

-Num é urutu cruzeiro não?

-Não, é Tatu mesmo, um vereador que é dentista.

-Minha Nossa Senhora, tatu num faz buraco? Dentista num tem que tapar buraco do dente? Então tatu num pode ser apelido de dentista não.

-Eita, num tinha pensando nisso.

-E esse tar de Carlão da Saúde, ocê conhece?

-Conheço, conheço ele e o tar de Zé Bento da Ambulância.

-Taí, por que será que o Leandro Moretti num larga esse tar blogueiro que só sabe escrever coisa errada e investe neste dois vereadores e forma uma dupla sertaneja?

-Que dupla compadre?

-Saúde e Ambulância!

-Boa compadre, boa; mas ele quer mesmo é ser cantor da dupla Escopeta e Cartucheira.

-Compadre, e o Chapisco, ocê conhece?

-Conheço muito, ele parece com o Caçulinha do programa do Faustão, num parece?

-Verdade. E o que ocê acha dele?

-Bão, eu acho que...

- Zééééé!!!

-O que muié?

-Tira esse papagaio aqui da porta da cozinha, ôme, eu num aguento mais, ele fala muito.

-Deixa o bichinho, ele tomou muita estilingada, deixa ele, coitado, além das estilingadas, a cada quatro anos ele troca de dono, pula para outro poleiro, deixa o bichinho aí.

-O que a gente tava falando mesmo, compadre?

-Dos vereadores, compadre.

-É mesmo.

-Compadre, sabe quem eu vi lá na cidade? Aquele vereador, o tar de Zé Henrique, conhece?

-Conheço, ele é comunista, num é?

-Né não!

-Num é ele que quer tirar as terras da gente? Num é ele que quer fazer a tar de reforma agrária?

-Num é reforma agrária não compadre, ele quer fazer é reforma mobiliária, quer é tirar cadeiras lá da Câmara.

-Hum, tava julgando o homem errado então.

- Compadre, e o tar de Dr. Sebastião, ocê conhece ele?

-Conheço compadre, mas eu num gosto dele não, ele fez uma coisa comigo no seu consultório que eu não tenho coragem de contar pra ninguém.

-Engraçado, comigo também ele fez uma coisa horrorosa, também num conto pra ninguém e também num gosto dele. O compadre, bem que a gente podia pedir para o Leandro Moretti quebrar aquele dedo do Dr. Sebastião, o que que ocê acha?

-Boa ideia, compadre, assim eu me sentiria vingado.

-Eu também.

-Uai, o que que ele fez com ocê?

-Nada, nada, nada!

-Hummmm.

-Compadre, vereador bão mesmo é aquele que mora há duas léguas daqui, lá no Paiol. Aquele é bão, ele apresenta muita coisa boa pra gente aqui na roça.

-Uai, compadre, você me falou que não tava acompanhando as reuniões da Câmara, como que você sabe disso?

-Compadre, ele mora há duas léguas daqui e daqui eu escuto ele falar.

-Escutar ele há duas léguas de distância eu até acredito, mas daí a compreender o que ele ta falando... ocê por um acaso foi no tar de Dr. Sebastião e deixou ele enfiar o dedo dentro do seu ouvido?

-Cruz credo daquele homem. Ele não enfiou o dedo em nenhum lugar não, viu compadre.

 -O compadre, me explica uma coisa: aqueles vereadores falam duas, três ou até quatro vezes numa mesma reunião, ta certo? Eu só num entendo duas coisas: primeiro por que eles cumprimenta as pessoas três quatro vezes, uma vez só num tava boa? A outra coisa é que eles cumprimentam as pessoas presentes dizendo "boa noite presentes aqui na platéia'. Platéia num seria plenário? Platéia num é pra circo?

-Compadre, lá vale platéia mesmo, se é que ocê me entende.

-E aquele grande vereador?

-Qual?

-O Possato.

-Uai, ocê acha mesmo que ele é um grande vereador?

-O danado tem quase dois metros de altura, num é mesmo um grande vereador?

-Verdade, o que tem ele?

-Ele é danado, quando num ta na televisão falando na Câmara, ta dando receita em programa de culinária, outra hora falando de esporte, outra hora falando de Lavras antiga, ele num perde a boquinha de aparecer na televisão, num é compadre.

-Verdade, mas agora ele tem um concorrente forte, um homem que fala mais que a muié da cobra, é o tar de João Paulo. Os dois, Possato e ele, bem que poderiam ensinar aquele cobrador do Prefeito a num falar bobagem.

- Quem cumpadre?

- Um que cobrou um tar de jegue, gespi, sei lá, qualquer coisa assim.

-E também aquele outro que só fala de ofícios enviados.

-Compadre, para encerrar a conversa agora vou te contar uma coisa que ocê num vai acreditar.

-Acredito, pode falar.

-Ocê lembra daquela que foi prefeita?

-Claro que lembro.

-Ocê lembra daquele que foi prefeito, o homem do dinheiro?

-Claro que me lembro.

-Pois é, os dois tão juntos, juntinho, eles criaram uma tar de força-tarefa pra derrubar o que hoje ta num lugar deles.

-Peraí! Peraí! Peraí! Ocê ta falando daquele que chamava ela de travesti Rogéria em público? Ta falando daquela que chamava ele de Carcará Sanguinolento?

-Isso mesmo, os dois tão juntinhos, ela vai na radia dele, ele também fala na radia e assim ta indo.

-Num acredito compadre. Meu Deus do céu. Isso é demais.

-- Zééééé!!!

-O que muié?

- Como eu separo o trato das criação?

-Num separa não, bota tudo no mesmo cocho, esses bichos são assim mesmo, eles se entendem, eles comem no mesmo cocho. Se eles começarem a brigar, num separa não, porque depois eles se entendem.

-Compadre, a prosa ta boa mas vou embora.

-Indé cedo, compadre.

-Não, vou pra casa fazer a lida da roça e depois tomar um banho e correr pra cidade, hoje tem reunião na Câmara.

-Então vai, compadre, depois ocê me conta tudo.

-Inté compadre, inté comadre.

-Inté!

-Inté. 

 

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