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/ Homicídio /


Publicada em: 05/12/2012 13:01 - Atualizada em: 05/12/2012 20:33
Polícias Civil e Militar esclarecem questionamentos sobre a morte de Camila
O crime foi solucionado pelas Polícias Civil e Militar, mas a população fez diversos questionamentos; muitos deles foram esclarecidos na coletiva de imprensa realizada em Lavras.

Coletiva foi realizada em Lavras pelo delegado Emílio de Oliveira e Silva, pelo comandante dom 8º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Lavras, coronel Antônio Claret dos Santos e pelo delegado regional Carlos Camargo. Foto: Jornal de Lavras

 

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A notícia da tentativa de suicídio do jovem que matou a garota Camila Graziele dos Santos Vitoriano, de 5 anos, na cidade de Bom Sucesso, gerou uma série de comentários nas redes sociais. Muitos questionam a demora da prisão do assassino e outros não acreditam que ele tenha agido sozinho e que estaria acobertando um maior, aproveitando de sua menoridade.

Na entrevista coletiva concedida em Lavras, na sede da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, pelo delegado Emílio de Oliveira e Silva, delegado titular da cidade de Bom Sucesso, pelo comandante dom 8º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Lavras, coronel Antônio Claret dos Santos, e pelo delegado regional Carlos Camargo, muitos pontos foram debatidos e que poderão esclarecer algumas dúvidas daqueles que ainda questionam o esclarecimento do caso.

Sobre a demora da mãe da menina em acionar a polícia no dia de seu desaparecimento, cerca de quase cinco horas depois, o delegado Emílio de Oliveira disse que existe um mito de que desaparecimento deva ser notificado apenas 24 horas depois, segundo ele, isso não é verdade, principalmente se tratando de uma criança. A mãe, acreditando neste mito, aguardou um tempo para comparecer a delegacia.

Outro fato questionado pelos internautas nas redes sociais e que foi esclarecido, foi a escassez de policiais em Bom Sucesso durante o período em que a menina estava desaparecida. O comandante do 8º Batalhão, coronel Antônio Claret dos Santos, disse que a princípio a PM estava tratando o caso como um sequestro de criança e com as inúmeras declarações de pessoas que afirmavam terem visto Camila nas cidades da região, como em São Bento do Abade, por exemplo. O contingente era deslocado cada cidade onde diziam ter visto Camila, sobretudo na Zona Rural. Então, muitos policiais estavam envolvidos em investigação fora da cidade de Bom Sucesso, por isso a impressão da população de que haviam poucos policiais envolvidos no caso quando, na verdade, inúmeros estavam empenhados na busca pela menina em outras cidades.

Esta informação também foi esclarecida pelo delegado Emílio, ele disse que a Polícia Civil tratava o caso como um sequestro. A região é conhecida como uma rota para Juiz de Fora, Rio de Janeiro, São Paulo e outros lugares, devido a isso, associado aos diversos relatos de que Camila estaria em um automóvel com um casal, outra hora com um homem, a Polícia Civil espalhou seus investigadores pela região.

A Polícia Civil começou sua investigação sobre o homicídio da menina seis dias depois de seu desaparecimento, quando o corpo da garota foi encontrado. O delegado Emílio disse que as investigações tiveram de ser feitas com muita cautela e sem que o andamento das investigações fosse divulgados para não incitar a população e citou o caso de um suspeito apreendido no dia que o corpo de Camila foi encontrado: "se não tomássemos precaução ele seria linchado", ponderou o delegado.

O delegado Emílio falou que no decorrer das investigações do assassinato, foram traçados perfis das pessoas investigadas e as suspeitas recaíram sobre duas pessoas, principalmente porque elas apresentavam um perfil de psicopatia, com dificuldade de cognição e dificuldade de percepção de tempo e espaço. Um era um maior de idade, e o outro, menor. Depois que as investigações se afunilaram sobre dois suspeitos teve início então o auxílio da ciência e tecnologia:  foram usados nas casas dos dois suspeitos a substância conhecida como luminol, que detecta vestígios de sangue mesmo em locais que foram lavados.

Nas duas casas foram detectados a presença de sangue, diante disso o delegado Emílio de Oliveira e Silva requisitou exames complementares no Instituto Criminalista da Polícia Civil. Concomitante a isso, foi colhido material encontrado na genitália da criança, lembrando que ela não foi vítima de abuso sexual com penetração, mas conforme declarações do assassino preso posteriormente, ele havia se masturbado e ejaculado sobre o corpo, o possibilitou a polícia científica recolher o material.

O delegado e sua equipe de investigadores colheu material genético dos dois suspeitos, com o consentimento deles e da família do menor. Os exames então apontaram que o material coletado na genitália da Camila era do menor. Sobre o sangue encontrado na casa do outro suspeito, foi descoberto através de exame odontológico, que ele sofre de uma gengivite gravíssima e que faz com que ele involuntariamente cuspa sangue. Também foi concluído através de exame, que o sangue encontrado em sua casa era dele mesmo, excluindo a possibilidade dele ter sido o autor do crime.

O resultado do exame decisivo chegou às mãos do delegado na noite de quarta-feira, dia 28 e, diante do afunilamento das investigações indicando o menor, a Policia Civil foi até a casa dele na manhã do dia seguinte e o apreendeu. Ele foi trazido para Lavras e acabou confessando o crime diante das provas apresentadas.

O delegado Emílio disse que ficou impressionado com a frieza do rapaz, disse que ele contou tudo com naturalidade e que no deslocamento de Lavras para Bom Sucesso, para a realização da reconstituição do crime, ele chegou a dormir na viatura. O delegado Emílio lembrou também que sua impressão sobre a frieza dele se acentuou quando na reconstituição ele contou que depois que matou a menina, descaracterizou o local, deixou o corpo no mato, ele foi namorar.

O coronel Antônio Claret dos Santos, comandante do 8º Batalhão, disse na coletiva que o assassino de Camila tinha passagens pela polícia por vandalismo, mas nada que pudesse direcionar para uma suspeita de um crime desta natureza.

O delegado Regional da 1ª Delegacia de Polícia Civil, com sede em Lavras, Carlos Camargo, também falou na coletiva sobre a invasão à casa do criminoso, em Bom Sucesso, atitude que ele considerou extrema e condenou a população afirmando que a Polícia Civil não concordava com esta reação, uma vez que a população, durante as investigações, pedia por justiça e que o trabalho das polícias Civil e Militar era de descobrir e prender o assassino e entregá-lo à justiça, e isso foi feito. Disse que o caso para a PM e PC estava encerrado.

Sobre dois pontos que ainda não haviam sido esclarecidos, o da prisão da mulher de 25 anos e o aparelho celular encontrado no local onde o corpo de Camila foi deixado, o delegado de Bom Sucesso disse que a mulher foi presa porque uma testemunha disse que ela havia sido vista próximo de Camila. No momento de sua prisão, ela portava um maço de dinheiro e o engoliu, o que intensificou a suspeita de tráfico de criança. Após a prisão, foi constatado que ela não tinha envolvimento com o caso e que o dinheiro engolido era proveniente de um programa sexual, mas descobriu-se que ela tinha um histórico de envolvimento com drogas e que num curto período ela teve cinco filhos, e que alguns foram vendidos. Então ela permaneceu presa provisoriamente sendo investigada por estes seus crimes. Ela foi colocada em liberdade quando vencido o prazo de sua prisão provisória.

Sobre o celular a polícia concluiu que se tratava de um aparelho que havia sido descartado naquele lugar, visto que muita gente descarta lixo naquela região. Ele falou que o sigilo telefônico do suspeito, que também foi detido no dia em que o corpo de Camila foi encontrado, foi quebrado, mas que nada o incriminava. 

Foi falado também sobre o estado em que o corpo da menina foi encontrado seis dias após ter sido executada, isso motivou uma série de comentários nas redes sociais. O delegado disse que o tempo deterioração do corpo humano não obedece às fórmulas matemáticas, e que uma série de características influenciam nisso. Neste caso, o corpo da criança não estava em contato direto com o solo, estava comprimido dentro de três sacos de ráfia, em um brejo sombreado e úmido, e estava praticamente esgotado de sangue, características que permitiram esta preservação do corpo. O delegado lembrou que, em pesquisas antropológicas, é comum encontrar corpos em perfeito estado de conservação após muitos anos.

Muito se questionou também sobre os grupos de buscas não terem encontrado antes o corpo, uma vez que estava muito próximo a casa da criança e da delegacia. Sobre isso, o delegado esclareceu que muitos grupos de busca passaram por aquele local - o lugar é utilizado como caminho para uma fazenda e este caminho foi feito pelos grupos. No entanto, o corpo estava dentro de um matagal, e as pessoas não entraram neste brejo para procurar, devido a dificuldade. O local somente foi revistado por causa do odor que começava exalar, chamando atenção das pessoas.

Por fim, foi esclarecido sobre a dúvida de como o menor teria conseguido carregar o saco com o corpo da criança pelo percurso, até o local onde foi encontrado. O delegado esclareceu que Camila, uma criança de 5 anos, pesava entre 20 e 25 quilos. Como o assassino esvaiu o sangue, o corpo provavelmente passou a pesar cerca de 20 quilos. Na reconstituição, a equipe encheu um saco com mais de 20 quilos e ele o carregou demonstrando uma facilidade absoluta fazendo o percurso. Então foi constatado que ele tinha plena capacidade de fazer isso no dia do crime, lembrando que a menina estava amarrada no saco em posição fetal, facilitando o transporte.

O delegado Emílio fez uma consideração sobre como as pessoas começaram a fantasiar sobre o caso, e essas fantasias foram se transportando para a realidade chegando a atrapalhar  e atrasar as investigações. Como exemplo desta situação foi o fato de que algumas pessoas foram até a delegacia e afirmaram terem visto Camila em lugares diversos, e que até chagaram a conversar com ela um, dois três dias após o seu desaparecimento. Com o fim das investigações, foi concluído que estes depoimentos eram irreais, pois ela já estava morta poucas horas depois de seu desaparecimento.

 

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