Delegado que prendeu Daniel Dantas, com o vereador Júlio de Melo e André Valle
Um fato inusitado: enquanto o delegado Protógenes Queiróz almoçava em Lavras, ele tomou conhecimento que a Polícia Federal havia tentado entrar em seu apartamento, no Guarujá (SP), para realizar uma intimação. Segundo ele, apenas sua filha de criação se encontrava no local. O delegado Protógenes acredita que tem sofrido uma série de represálias depois da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.
"Tentaram invadir, mas não estou lá. Eles não acreditaram no porteiro. Teve um barraco. Eu me encontro em Lavras, Minas Gerais, e recebi um telefonema do porteiro, que resistiu à tentativa de invasão", diz Protógenes ao portal Terra.
Segundo o delegado, a intimação está relacionada a uma acusação da PF de que ele teria incitado a invasão das terras do banqueiro Daniel Dantas pelo MST (Movimento dos Sem Terra). "Fiz uma palestra na Associação dos Professores, na Praça da República, e me perguntaram sobre as concessões do subsolo brasileiro. Eu falei que estavam sendo negociadas no mercado paralelo e era dever do povo reagir, porque foram negociadas de forma clandestina". Dois dias depois, em fevereiro de 2010, houve a ocupação da fazenda Maria Bonita, de Dantas, em Eldorado dos Carajás.
O delegado afirmou que contra ele já são 23 processos instaurados desde a eclosão da Satiagraha, em 2008. "Em 8 de julho, aniversário da operação, abriram mais três processos que favorecem Dantas. Um dos seis abertos recentemente diz que eu usei 'palavras duvidosas' no inquérito. Ora, se foram duvidosas, por que o banqueiro foi condenado?", questiona. "Há dois anos eles não param de abrir processos". Filiado ao PCdoB, Protógenes Queiroz é candidato a deputado federal nas eleições 2010, em São Paulo. Nesta quinta, ao lado do secretário paulista de Relações Institucionais, Almino Affonso, ele será homenageado em Lavras.