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Publicada em: 04/08/2023 13:44 - Atualizada em: 04/08/2023 16:38
Carlos Chagas & Alysson Paolinelli, separados pelo tempo e conectados pela incompreensão
"Assim como Carlos Chagas, Alysson Paolinelli também era um visionário"

José Cherem, Alfredo Scheid Lopes, Marcos Possato e Alysson Paolinelli. José Cherem autor do texto, Alfredo Scheid Lopes, pesquisador que, juntamente com Alysson Paolinelli foram os responsáveis pela ocupação do Cerrado Brasileiro, que hoje alimenta um bilhão de pessoas em todo o mundo. Marcos Possato, autor do projeto de lei que concedeu a Alysson Paolinelli o Título de Cidadão Lavrense

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Por: José Cherem, médico e servidor da Ufla

Carlos Chagas & Alysson Paolinelli, separados pelo tempo e conectados pela incompreensão. A ciência brasileira, juntamente com toda a nação almeja e merece um prêmio Nobel. Um país que tem contribuído ao longo tempo em diversas áreas do conhecimento, extremamente significativas para o mundo, por meio de pessoas que dignificam o espectro que representam. Poderia citar Rui Barbosa, Santos Dumont, Tarsila do Amaral, Zumbi dos Palmares, Maria da Penha dentre tantos outros.

Aqui discorro sobre importantes e valorosos pesquisadores, um que tive a felicidade e honra de conhecer em vida e trocar alguns minutos de uma ótima e desafiadora conversa, Alysson Paolinelli e outro que me aproximei pelo brilhante legado e provoca a mesma sensação de orgulho, o médico e pesquisador Carlos Chagas. Ainda no início do século XX, Carlos Chagas foi indicado ao Nobel de Medicina por duas vezes, graças ao seu icônico trabalho de pesquisador e médico sanitarista. Feito único da história mundial, Carlos Chagas foi responsável por desvendar todo o ciclo do agente causador da Doença de Chagas, desde a identificação do protozoário causador da doença (Trypanosoma cruzi), do vetor (barbeiro), do mecanismo de transmissão (por meio dos dejetos do inseto) até a parte clínica da doença aguda.

Nosso outro ator, como pesquisador, foi responsável por transformar a agropecuária brasileira. Seu trabalho, que seria transformador, teve início na ESAL, hoje, Universidade Federal de Lavras, no belo município de Lavras, local onde inúmeras pessoas reconhecem e admiram os anos dedicados ao seu objetivo principal, que tive a oportunidade de escutar verbalizadas pelo próprio Ministro: "fazer o alimento ser acessível a todos, se isso não fosse possível, ao maior número de pessoas no mundo". Em Minas fomentou que Professores e Pesquisadores, muitos da UFLA, fossem fazer doutorado fora do Brasil e retornassem para divulgar, aplicar e universalizar a ciência para desenvolvimento do agronegócio em Minas Gerais, aumentando exponencialmente a produção de grãos (especialmente de café) em solo mineiro.

Assim como Carlos Chagas, Alysson Paolinelli também era um visionário, e a cadeia agrária do café se estendeu ao leite. Reconhecido por seu trabalho, foi promovido a Ministro de Estado do Brasil. Seus ideais ecoaram, mais pesquisadores, mais ciência, maior produtividade, mais alimento, menos pessoas passaram fome e tiveram acesso a alimento digno. Incrivelmente contribuiu para desenvolver a tecnologia para corrigir um solo inóspito, respeitando os biomas e o meio ambiente do Cerrado do Brasil. Apoiou e transformou a Embrapa, para que inúmeros novos formandos se tornassem cientistas na própria pátria e que outros viessem aqui de outros países e se tornassem doutores com os nossos professores. Um legado para a ciência universal, para todos e em todos os sentidos.

Carlos Chagas em sua primeira indicação ao Prêmio Nobel (1913), obteve o voto do único brasileiro que poderia exercer o voto. Na sua segunda indicação (1921) havia 2 brasileiros que podiam votar e somente um deles votou em Carlos Chagas. E mais inacreditável, naquele ano, não houve nenhum laureado com o Prêmio Nobel de Medicina.

Alysson Paolinelli foi pautado para uma singela homenagem na UFLA, singela, pois, seu legado é muito maior que a homenagem proposta. Em meio a isso, alguns se apequenaram, se ofenderam e proferiram palavras ácidas. Meu pesar a seus familiares que ainda vivem o luto por sua perda.

Assim como Carlos Chagas, Alysson Paolinelli foi duas vezes indicado ao Prêmio Nobel, se preocupou com o bem estar de muitos, dignificou a ciência, a pesquisa, a servidão pública, teve empatia e atitude pelas populações negligenciadas dentre inúmeras outras tantas qualidades na vida pessoal, como filho, esposo, amigo, pai, avô.

Também como Carlos Chagas, merece e tem reconhecimento da grande maioria da população, seja ela, dentro da comunidade UFLA, em Lavras, em Minas Gerais, no Brasil e no mundo.

Infelizmente, alguns percalços, ou como dizem sobre Carlos Chagas, algumas "barbeiragens" por vezes acontecem.

Como médico, servidor público da UFLA, espero que em futuro próximo, possamos propor novamente à Comunidade UFLA, democraticamente, uma homenagem a Alysson Paolinelli e abertamente, todos sabem qual lado poderei estar representando.

Alysson Paolinelli, José Cherem e Carlos Chagas

 

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