Congada em Ribeirão Vermelho. Fotos: John Ewerton

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A festa de Nossa Senhora do Rosário está ligada a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congadas, Congado ou Congos. Por estarem vinculadas diretamente aos negros, as Congadas se tornaram também uma festa de santos negros, como São Benedito e Santa Efigênia. A Congada é uma tradição católica africana que afirma que uma imagem de Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar. Os grupos de negros apareceram com seus tambores, cantando para a santa e pedindo-lhe que viesse para protegê-los contra o inimigo.

Segundo a tradição, a imagem veio se encaminhando, no movimento lento do vaivém das ondas, até chegar à praia, e é chamada para caminhar com eles. Os Moçambiques resgatam a imagem e os Congadeiros, chamados Filhos do Rosário, são os que convidam Nossa Senhora para o caminho, preparando, com suas evoluções, símbolos, cantos, vestuário colorido, galhos e flores, a passagem da santa.

A Congada chegou até o Brasil através dos Jesuítas. Os Jesuítas a utilizaram como um grande instrumento de catequese na evangelização do Brasil. As danças guerreiras do instinto negro servem de base para criar uma espécie de luta irreal e coreográfica entre o bem e o mal, entre cristãos e mouros. Há lutas, embaixadas, cantos, e sempre os cristãos vencem os mouros, que acabam sendo batizados. Depois, todos juntos fazem a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Com o fim da escravidão no Brasil, que coincidiu com o início da expansão da ferrovia, abriu uma grande frente de trabalho para aqueles que haviam deixado a condição de servil. A ferrovia foi sendo construída e, por onde ela passava, muitas famílias de negros ficavam para trás e povoavam as cidades. Uma destas cidades foi Ribeirão Vermelho, onde a tradição e cultura negra é, até hoje, muito forte e marcante.

Uma das tradições foi à festa de Nossa Senhora do Rosário, aquela cidade é hoje uma das que mantém a tradição das Congadas e dos encontros de congadeiros. No final de setembro foi realizado, naquela cidade, o 44º Encontro de Folclore e a tradicional Festa de Congadas, onde teve alvorada festiva, almoço festivo, procissão com a corte do Reisado e Autoridades – Reinos Coroados dos Ternos, além do grande público que participa todos os anos, do animado evento.

Um grande cortejo conduz, pelas ruas daquela cidade, uma das figuras mais respeitadas de Ribeirão Vermelho: Maria Aparecida Pinto, a Dona Tina, a Rainha Conga. O cortejo é seguido por uma multidão que entoa cantos religiosos e muita oração.

O cortejo termina da capela de Nossa Senhora do Rosário, onde este ano foi recebido pelo padre Emerson - foram cerca de 700 pessoas participaram do evento. O encontro foi realizado também nas cidades de Cana Verde, Perdões e Candeias, mas é em Ribeirão Vermelho que os traços da cultura negra são mais acentuados, tanto que nesta época participam caravanas das cidades de Carmo da Mata, Nepomuceno, São Antônio do Amparo, Lavras, Passa Tempo, além de cidades do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo.