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Publicada em: 13/07/2021 07:20 - Atualizada em: 13/07/2021 13:02
"Braia... e o mundo de cá", por Diter Stein
Quando a cultura celta invade o sul de Minas Gerais

Januário Garcia, o Sete Orelhas, personagem marcante da história da região foi tema de música. Imagem extraída da discografia

 

Por: Diter Stein - Jornalista

Se você gosta dos Chieftains vai adorar o CD "Braia... e o mundo de cá". O Chieftains era uma banda de música celta que fez muito sucesso nos anos 70 e 80, ganhou vários Grammis e ainda um Oscar pela música do filme Barry Lyndon de Stanley Kubrick. Se gosta de rock progressivo, como Yes, ou fusion jazz, também vai gostar muito do "Braia... e o mundo de cá". Se gosta de música instrumental e toada mineira e música eletrificada tem tudo para se tornar fã do "Braia".

Pode se dizer que "Braia... e o mundo de cá" é um fruto do bem desta pandemia que estamos vivendo, músicos que de repente tiveram tempo disponível e recursos da Lei Aldir Blanc de Minas Gerais e de um grupo de apoiadores. O resultado é um CD excelente, mas que não é para amadores, é necessário gostar de música instrumental e de uma certa sofisticação para apreciar o trabalho musical de Bruno Maia, que produziu o CD e acompanhado por competentes músicos, tocou violão, viola caipira, banjo, bouzouki, bandolim, flautas irlandesas, escaleta, guitarra e teclados, e que se apaixonou pela cultura celta ainda na infância por conta de um desenho animado do Rei Arthur.

São muitas influências e tinha tudo para desandar. Para tentar dar ordem a esse emaranhado de ritmos e influências, Bruno como um bom Chefe de Cozinha mistura todos os temperos de maneira equilibrada para que todos se harmonizem e um não interfira no outro, resultando em um trabalho extremamente consistente e integrado.

Pela sonoridade, o trabalho tem um pouco de cinema, remete a fadas, duendes, ao mago Merlin e a toda tradição musical irlandesa e escocesa do povo celta, como se os celtas em um passe de mágica chegassem em Minas Gerais encontrassem o mestre da música barroca Lobo de Mesquita em São João de Rei, e tocassem junto suas antífonas com o pessoal do Clube da Esquina.

Envolvido em um belo trabalho gráfico, o CD tem 10 faixas, e é resultado de um diálogo instrumental entre a música brasileira, cultura popular, tradição irlandesa e o rock progressivo.

Formado em Letras e com mestrado em Literatura, Bruno Maia é também um pesquisador da História colonial e cultura popular mineira e formatou o CD de uma maneira sofisticada, se referenciando em temas, aspectos e fatos e imaginário cultural mineiro, como a Guerra dos Emboabas, a corrida do ouro, Diadorim, de Guimarães Rosa, entre outros, para nomear suas músicas. A região de Lavras, aparece através da música "Tira – Couro", do personagem Sete Orelhas, conhecido da região. Em "Um besouro na Esquina" homenageia a banda inglesa The Beatles e o movimento musical Clube da Esquina, contando com a participação especial do baixista Felipe Andreoli, da banda Angra.

Bruno Maia tem história no panorama musical da região: montou a banda Tuatha de Danann em Varginha, em 96, pioneira no estilo Folk Metal (heavy metal com música folclórica irlandesa), lançou 7 álbuns e 1 DVD no Brasil e na Europa (incluindo turnês) e organizou por 19 anos o Roça'n'Roll, em Varginha, o mais importante festival de rock pesado do interior do país e conquistou o Prêmio Mineiro de Música Independente com o primeiro disco do Braia, que foi lançado também na França.
Para quem quer saber mais sobre "Braia... e o mundo de cá" e ouvir suas músicas, elas estão disponíveis AQUI.

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