Reservatório de água de duas nascentes que abastecem o campus da Ufla. Foto: Ufla
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A Câmara Municipal de Lavras iniciou na segunda-feira, dia 7, em primeiro turno, a votação do Plano Diretor do Município, um instrumento que direciona a política de desenvolvimento urbano para os próximos dez anos. Construída ao longo de três anos de discussões, a proposta conta com a contribuição de diversos membros da sociedade civil, que colaboraram por meio de audiências públicas, reuniões e estudos técnicos para um crescimento ordenado e sustentável do Município.
A Universidade Federal de Lavras (Ufla), como Instituição referência em sustentabilidade, ciência e tecnologia, também fez suas considerações à proposta, apresentando estudos consistentes sobre a importância da preservação das nascentes que hoje abastecem o campus. Se as áreas de recarga dessas nascentes não forem preservadas, como foi incorporado ao Plano Diretor em votação, a maior parte das águas que abastecem a Ufla poderá desaparecer, comprometendo o atendimento a cerca de 16 mil pessoas que circulam no campus diariamente.
A proposta do Plano Diretor foi reprovada no primeiro turno de votação, com nove votos a favor e oito contrários. Para aprovação de proposições que versem sobre o Plano Diretor, é necessária a aprovação de 2/3 dos membros da Câmara Municipal, ou seja, 12 votos favoráveis.
Agora o texto segue para uma votação em segundo turno, prevista para o dia 14, segunda-feira. Com isso, a Ufla está convocando toda a comunidade acadêmica e a sociedade de Lavras a entrarem em contato com seus representantes para reforçar a importância da preservação da área de recarga das nascentes responsáveis pela produção de água no campus, questão prevista no documento que está sendo avaliado. "É preciso haver o equilíbrio de interesses sociais, econômicos e ambientais, para que nossa sociedade consiga avançar, de forma sustentável, no desenvolvimento tecnológico, econômico e educacional em Lavras, Minas Gerais e no Brasil", ressalta o reitor, professor João Chrysostomo de Resende Júnior.
Atualmente, uma área de 15 hectares, localizada nos limites da Ufla, onde estão duas principais nascentes que abastecem a Universidade, é considerada zona de expansão urbana e pode ser loteada, processo que reduz a permeabilidade do solo e compromete a área de recarga das nascentes.
O professor do Departamento de Recursos Hídricos Gilberto Coelho explica que a manutenção de uma vazão constante em nascentes depende diretamente de sua área de recarga ou bacia de captação. "Essa área de recarga se assemelha a um reservatório de água no subsolo. Esse reservatório pode ocupar uma área extensa, que vai além da Área de Preservação Permanente (APP), já protegida pela legislação. Caso o solo da área de recarga seja impermeabilizado, ocorre a redução da infiltração e, consequentemente, a redução da recarga dos lençóis freáticos, situação que causa diminuição da vazão, ou até mesmo seu secamento. Por isso, é necessário preservar toda a área de recarga". A proposta do novo Plano Diretor incorporou a iniciativa de transformar esse espaço em área de proteção especial.
As duas nascentes que estão localizadas na região em questão são responsáveis pelo abastecimento de 90% do consumo no campus. A Ufla investiu em tecnologias para tratar essas águas para o consumo e tratar também o esgoto, garantindo práticas ambientalmente sustentáveis. Os recursos públicos economizados com essas ações representam cerca de 10% do orçamento de custeio da Universidade, uma economia de 4 milhões de reais, que são então revertidos para o ensino, a pesquisa e a extensão, atividades de alto interesse público.
Caso a proposta incorporada ao Plano Diretor não seja aprovada pelos vereadores, os impactos para a Instituição e para a cidade podem ser irreversíveis.
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