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Publicada em: 23/11/2020 10:33 - Atualizada em: 23/11/2020 15:08
Há 101 anos rodou em Lavras o primeiro automóvel, um Ford T
O veículo foi adquirido no Rio de Janeiro, chegou a Lavras de trem e pertencia ao coronel Aureliano de Andrade Botelho

Ford T 1919, imagem ilustrativa

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Por Eduardo Cicarelli

Há exatamente 101 anos, os moradores da pequena Lavras viram, pela primeira vez, um automóvel rodando pelas ruas da cidade, era um Ford T, adquirido no Rio de Janeiro pelo coronel Aureliano de Andrade Botelho. O fato ganhou destaque na imprensa da cidade, o jornal "O Município", assim retratou o acontecimento no dia 23 de novembro de 1919:

"Lavras, a culta Lavras, conta em seu meio um novo melhoramento: um elegante e confortável automóvel Ford, adquirido pelo conceituado commerciante sr. Cel. Aureliano de Andrade Botelho. Como era de se prever, não deixou de causar optima impressão o apparecimento deste auto que majestosamente, desliza pelas novas ruas, nestas tardes encantadoras de novembro. Que tenha imitação a bella iniciativa do sr. Cel. Aureliano Botelho".

Para poder circular com o carro pela cidade, o coronel Aureliano trouxe alguns empregados de sua fazenda para poder arrumar a rua, tapar buracos, retirar pedras, capinar e em alguns casos, refazer o traçado da via. Quando o automóvel chegou, centenas de lavrenses foram para a estação ferroviária ver o veículo, que depois de desembarcado, desfilou pelas ruas da cidade. O automóvel seguia na frente e dezenas de crianças correndo atrás para ver a novidade.

Não demorou muito, outros lavrenses abastados adquiriram seus carros, compra inclusive facilitada, visto que Lavras já tinha a sua primeira agência revendedora de veículos Ford.

Uma das atrações que mais chamou a atenção dos lavrenses foi no dia 6 de setembro de 1925, quando foi realizada em Lavras, sob o patrocínio da Agência Ford local, a primeira corrida de automóveis, sendo enorme a animação que todos experimentaram.

Segundo o regulamento da corrida, "o percurso terá uma extensão de 4 quilômetros de ida e de volta, começando no lugar denominado Carioca, indo até o Alto do Pau de Óleo e voltando ao ponto de partida. Os carros serão inspecionados por uma comissão antes da corrida e devem estar nas condições seguintes: radiador cheio, tanque de gasolina cheio, capota descida, para-brisa aberto, conduzindo além do chauffer um ajudante e ferramentas necessárias. Em caso de incidente a corrida será reiniciada. É permitida a treinagem na pista até às 11 horas e meia. Os corredores inscritos e a assistência devem se achar no lugar às 11 e meia hora. A corrida terá início ao meio dia em ponto. Há numerosos prêmios que se acham expostos na vitrine da Casa Botelho, Penna & Alvarenga. Serão aceitas inscrições até sábado, dia 5, véspera da corrida".

O vencedor do "Grande Prêmio de Lavras" foi o motorista João Goulart e o segundo colocado, Miguel Godinho. Felizmente não houve nenhum acidente, o agente da Ford Motor Company, Areolino Leite, providenciou de maneira a que tudo corresse com a maior normalidade.

Se naqueles anos os lavrenses conheceram o automóvel e até assistiram a uma corrida de quatro quilômetros de percurso, os moradores da cidade conheceram outra novidade, foi no dia 30 de setembro de 1928, três anos após a realização da corrida, neste memorável dia, chega a Lavras um caminhão da marca "International", vindo do Rio de Janeiro, foi o primeiro, e uma novidade extraordinária, o veículo tinha 6 pneus ou seis rodas, como foi tratado pela imprensa local. O acontecimento ganhou o seguinte destaque na imprensa: "Rio-Lavras. Um caminhão International em viagem do Rio para esta cidade, transpõe a serra da Mantiqueira, atualmente em obras. É a primeira vez que se faz em um automóvel o trajeto Rio-Lavras, via Barbacena. Assumindo o volante o hábil automobilista Manoel Matos". O caminhão saiu do Rio de Janeiro em 28 de setembro, às 12h, e chegou a Lavras no dia 30, no início da noite.

Em 1932 explodiu a Revolução Constitucionalista, quando os paulistas pegaram em armas. Sem dúvida um dos mais importantes e dramáticos acontecimentos da história republicana brasileira. Expressão da insatisfação dos paulistas com a Revolução de 1930, o movimento serviu, antes de mais nada, para convencer o Governo Provisório de Getúlio Vargas da necessidade de pôr fim ao caráter discricionário do regime sob o qual vivia o país. Isto só aconteceria quando a constituição de 1890, tornada sem efeito, fosse substituída por outra. Nesta época Lavras já tinha alguns automóveis e caminhões, e para manter esta frota rodando, alguns comerciantes da cidade vendiam gasolina em galões, ainda não existia postos de combustíveis.

No dia 29 de agosto de 1932, o prefeito de Varginha, José Augusto Paiva, solicita do prefeito de Lavras, Manoel Augusto Silva, um empréstimo de oito tambores de gasolina para suprir as necessidades daquela cidade por um período de trinta dias. A falta do produto naquela progressista cidade, deveu-se ao constante abastecimento dos caminhões que serviam à Revolução de 32. O Prefeito de Lavras autorizou o empréstimo, sendo: 6 tambores adquiridos de Simão Kalil e 2 de João Arbex.

Na Revolução quem tinha caminhões e automóveis, tiveram problemas: os veículos eram requisitados para deslocamento de tropas e transporte de oficiais. Alguns lavrenses tiveram seus veículos "confiscados", um deles foi um caminhão da firma Botelho & Cia. Ltda. No dia 20 de maio de 1933, o secretário Carlos Prates, comunica através do ofício 12.433, que a Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, havia liberado a quantia de 325 mil réis em favor da firma Botelho & Cia. Ltda., de Lavras, pelo aluguel de um caminhão marca "Rugby" que foi requisitado pelo Governo do Estado durante a Revolução de 9 de Julho, para transporte de tropas, armamentos, feridos e suprimentos para os soldados.

No mesmo ano, os lavrenses, sobretudo os proprietários de autos, ganharam uma novidade: no dia 2 de setembro de 1933, instala-se na praça Dr. Augusto Silva, em frente ao Hotel Hermeto, uma bomba de gasolina da Anglo-Mexican Petroleum Company Ltd, cujo representante em Lavras era João Arbex & Filho.

Além dos automóveis e caminhões, Lavras também foi servida de veículos que faziam o transporte coletivo, no dia 21 de março de 1937, foi inaugurada a linha de "jardineiras" entre São João del-Rei a Lavras, de propriedade da firma "Empresa de Transporte José Floriano Carvalho". Em Lavras, o ponto de partida era na Pensão Central, recentemente inaugurada. O moderno veículo partia às terças, quintas e sábados, às 6h, com chegada programada para às 11h, eram cinco horas de viagem até São João. Em São João del-Rei, o ponto de partida era da Pensão Americana, às segundas, quartas e sextas. Segundo os jornais da época, "a jardineira é dirigida por chauffeur capacitado, com lotação para 10 passageiros; é um auto-ônibus moderno e confortável, com viagens rápidas e preços módicos".

Também em 1937, no dia 2 de junho, o empresário Manoel Mattos inaugurou a primeira linha de ônibus coletivo com percurso compreendido entre a estação da Rede Mineira de Viação e o Alto de Santa Efigênia, foi a oportunidade para muita gente poder andar de ônibus em Lavras, passear de ônibus era programa de fim de semana para muitas famílias lavrenses.

Contar a história dos automóveis, caminhões e ônibus em Lavras, tem obrigatoriamente que falar da família Arbex, eles foram pioneiros nesta área. Um dos investimentos da família foi a inauguração, no dia 28 de junho de 1940, do "Energina", um posto de abastecimento e lubrificação de automóveis, na rua Chagas Dória, a família Arbex nesta época já era representante da Chevrolet em Lavras.

Quem necessitasse de um automóvel para transportar uma gestante até o hospital, se locomover com urgência pela cidade, podia recorrer aos motoristas de praça. Para se ter uma ideia, há 72 anos, no dia 31 de dezembro de 1948, encontrava-se registrado nos arquivos da Prefeitura como "motoristas de praças", os seguintes cidadãos: José Narciso Filho, Manoel Alves, José Galdino de Lima, Antônio Duarte Filho, Nestor Silvestre da Silva, Rizieri Zanoni, Vinício Valentini, José Gaio, Iracelis de Medeiros, Newton de Assis Júnior, José Calixto Filho, Geiel Silva, Benjamin Gaio, Geraldo Evangelista dos Santos, Sebastião Torres, Francisco Alvarenga Filho, Sebastião Júlio de Souza, João Fagundes Neto, Miguel Godinho, João Botelho, Domingos Gaio, Olbers Magalhães, Joaquim Botelho Rezende, Adão Alves de Paula, Geraldo Alves de Paula, José Pequeno, Jorge Nogueira, Nelson Mesquita e Luiz José de Souza.

No dia 28 de abril de 1957, Lavras perde um capítulo da história dos caminhões e ônibus. Morreu neste dia o primeiro motorista de caminhão e ônibus de Lavras: Manoel de Mattos, o pioneiro em viagens interestaduais.

No dia 12 de janeiro de 1959, foi inaugurada a linha de ônibus Lavras São Paulo, pela Empresa "Nossa Senhora Aparecida", de propriedade de José Fonseca Pinto e Francisco Narciso. O ônibus Mercedes Bens partiu de Lavras às 6h e chegou a São Paulo às 15h, gastando 9 horas de viagem.

Até o final da década de 50, viajar era uma aventura, as estradas eram de terra batida, os motoristas, na sua maioria, não conheciam asfalto e no dia 15 de janeiro de 1959, o presidente Juscelino Kubitschek inaugura o primeiro trecho da rodovia Fernão Dias, entre Belo Horizonte a Pouso Alegre, colocando um fim no isolamento do Sul de Minas com o restante do Estado. Em Lavras foi um dia de comemoração, a rodovia, uma das mais importantes do país e que corta o município, proporcionou aos lavrenses uma viagem até Belo Horizonte com mais conforto, rapidez e segurança.

Lavras ganhou no dia 30 de maio de 1971, há 49 anos, a primeira linha de ônibus interbairros, a Empresa Metrópole do empresário Alcides Thomaz da Silva, vencedora da concorrência pública, colocou seus ônibus para atender os seguintes bairros de Lavras: Nova Lavras e Aquenta Sol. Antes desta data, as linhas de ônibus obedeciam apenas um único itinerário: Estação/Batalhão.

Ao que parece, os lavrenses levaram a sério a sugestão do jornal O Município, que publicou no dia 23 de novembro de 1919: "Que tenha imitação a bella iniciativa do sr. Cel. Aureliano Botelho". Lavras hoje é uma das cidades do Sul de Minas que tem uma grande frota de veículos, tem uma média de um veículo para duas pessoas.

Para dar manutenção a tudo isso, não podemos deixar de citar alguns mecânicos que ajudaram e ajudam a contar a história dos automóveis, tão bem narradas pelo saudoso Paulo de Oliveira Alves, o Paulinho do Piano, do memorialista Renato Libeck, o colecionador e restaurador de veículos Raimundo Sérgio Gonçalves, o Raimundo da D'Paschoal e tantos outros.

Falar dos mecânicos tem que citar João Foguete e seu irmão Dirceu, Paulo Preto, Almerindo Jerônimo, Zôra, Ismael da Ford, Fumacinha da Fiat, Zé Barba, dos radiadores e tantos outros, mas um em especial, o herdeiro dos conhecimentos de mecânica Chevrolet do João Foguete e seu irmão Dirceu, estamos falando do mecânico da velha guarda: Eugênio Mendonça, o Sardinha.


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