Administração municipal consegue trazer de volta para Lavras obra sacra do século XVIII, atribuída a Joaquim Natividade
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No final dos anos 50, a igreja do Rosário ficou um período sem conservação e abandonada, tanto pelo poder público como pela igreja, parte da estrutura chegou a desabar. Diante disso, os lavrenses inconformados com a degradação daquele templo, pressionaram o poder público e a igreja foi reformada. Nesta época, morava em Lavras, no internato do Instituto Gammon, um estudante paulista, David Laughin, ele passou na porta da igreja, que ele não conhecia por dentro, e como ela estava aberta, com pedreiros e carpinteiros em seu interior, ele entrou para conhece-la.
Uma cena chamou a atenção de Laughin: uma pintura numa tela estava sob um amontoado de entulhos que seriam jogados fora, ele então pediu ao responsável pela obra de restauro da igreja que desse a ele a pintura, o que foi prontamente atendido.
Laughin levou a pintura para o internato e lá, limpou a tela e constatou que se tratava da reprodução da cena da Santa Face, conhecida no Brasil apenas como Verônica e, na Itália, como "Volto Santo".
Laughin levou a tela para São Paulo e a doou ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp). Alguns anos depois, o Ministério Público de Minas Gerais deu início a uma operação de recuperação de peças sacras que estavam espalhadas por todo o Brasil e no exterior, com o objetivo de "repatria-las". Nesta operação, o quadro da Verônica foi trazido de volta a Minas Gerais e entregue a guarda do Museu de Arte Sacra de São João del-Rei.
Acionados os órgãos do Patrimônio Cultural e a Justiça, foi determinado que o quadro retornasse para o Museu de Arte Sacra de Minas Gerais, sediado, em São João del Rei, Minas Gerais, isso porque Lavras não tinha condições de mantê-la intacta em local adequado.
Um movimento em Lavras, liderado pelo jornalista Pedro Coimbra, conseguiu que a peça fosse devolvida aos lavrenses, porém, ela precisava ser restaurada. O prefeito José Cherem, em reunião com os integrantes do Conselho Municipal do Patrimônio, acertou que a peça, do século XVIII, atribuída ao pintor sanjoanense Joaquim Natividade, que pintou o teto da igreja do Rosário, seria restaurada. A restauração da peça histórica ficou em R$ 38 mil e foi paga com recursos do Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de Lavras.
A obra foi restaurada e não pôde ficar em Lavras devido à falta de um local apropriado para guardá-la, a tela então foi pra Belo Horizonte. Agora a administração municipal conseguiu trazer a tela para Lavras e que ela ficasse sob a guarda da Casa Paroquial. Agora a tela poderá ser vista pelos lavrenses, isso porque até domingo, a tela ficará exposta na igreja Matriz de Sant'Anna.
A tela vai ficar definitivamente em Lavras, ela estará sob a guarda da Casa Paroquial até que uma estrutura apropriada para a peça seja construída na igreja do Rosário, de onde ela saiu há cerca de 60 anos.