Mato, sujeira e bueiros entupidos acumulando água de chuva, associados ao calor, favorecem a procriação do mosquito Aedes aegypti (Foto: Jornal de Lavras)
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O ano está acabando e nós, os lavrenses, podemos nos considerar derrotados por um inimigo quase que imperceptível, o mosquito Aedes aegypti. Ele colocou Lavras no ranking das cidades mineiras que registraram o maior número de casos de dengue em todo Estado, pior ainda, proporcionalmente a cidade mineira com o maior número de casos da doença, isso porque estão na frente de Lavras as cidades de Betim, Uberlândia, Belo Horizonte e Contagem, cidades que indiscutivelmente tem a população muito maior que Lavras.
Vamos começar um novo ano enfrentando o inimigo que desta vez vem mais fortalecido, além da dengue, o Aedes aegypti transmite a chikungunya e zika vírus. A relação do agente infeccioso com a microcefalia – que é a diminuição do perímetro cranioencefálico dos bebês – e com a síndrome de Guillain-Barré, que leva à paralisia dos músculos, já foi confirmada pelo governo brasileiro através do Ministério da Saúde. O Brasil declarou guerra ao Aedes aegypti e determinou vistorias em todos os imóveis do país para eliminar criatórios do inseto.
Nos casos em que a microcefalia está associada à infecção por zika, imagens de tomografia computadorizada mostram que, além de o perímetro encefálico dos recém-nascidos ser menor que 32 centímetros – limite que indica a enfermidade, o cérebro apresenta pontos de necrose e calcificações. As alterações podem afetar áreas neurológicas importantes e provocar na criança sequelas motoras, visuais e cognitivas, entre outras. O combate ao inseto, portanto, é fundamental, é uma forma de evitar as três doenças.
Em Lavras a Secretaria Municipal de Saúde está desenvolvendo uma campanha de conscientização, porém, ela esbarra num problema: a cidade está muito descuidada, mato por todo lado, bueiros entupidos, lotes sujos com acúmulo de lixo, onde são formados pontos de acúmulo de água, condição fundamental para a reprodução do transmissor.
Entre os meses de novembro a maio, historicamente observa-se um aumento considerável no número de casos em função das condições climáticas: chuva e calor. O órgão do governo do Estado afirma que mais de 80% dos focos do mosquito estão nas residências. Lavras contraria o que a Secretaria de Estado de Saúde afirma. É certo que as residências são os locais onde existem os maiores números de focos, porém, no setor de responsabilidade do poder público este número é superior a 40%, diferente dos 20% atribuídos pela Secretaria de Estado de Saúde, isso porque Lavras é hoje uma das cidades mais sujas e abandonadas de Minas Gerais.
O descuido é visível por todo lado, o lixo e o mato podem ser constatados até em pontos nobres da cidade, como na região central, como as ruas principais e as praças, onde depois das chuvas a água fica acumulada em vasilhames nas ruas por muitos dias e se tornando um berçário para o mosquito.
Em um jornal publicado pela atual administração, o surto de dengue que tivermos este ano em Lavras, o maior em toda sua história, com mais de 6 mil casos e duas mortes, foi atribuído a "ovos depositados ainda na época da administração passada e que eclodiram este ano". A publicação serviu de chacota e críticas não foram poupadas ao atual prefeito e sua balda equipe de governo.
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