José Mourão Lasmar, secretário Municipal de Saúde, entrevistado pelo Jornal de Lavras para falar sobre o trabalho de combate a dengue (Foto: PML)

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Calor e a água empoçada formam o ambiente ideal para os criadouros do mosquito transmissor da dengue. O acúmulo de lixo ainda é um dos maiores fatores que contribuem para proliferação do mosquito. Nesse período, com a chegada das chuvas na região, o risco fica ainda maior devido ao grande número de lixo jogado em lugares impróprios. 

As condições que se encontra a cidade, com lixo espalhado por todo lado, lotes sujos, abandono total por parte da administração municipal, o trabalho de combate ao mosquito da dengue na cidade, no atual cenário, pode ser comparadas ao "enxugamento de gelo". É público também que os agentes de combate às endemias estão cumprindo seu trabalho: eles visitam casas regularmente, orientam as pessoas sobre os riscos da dengue, mas são sempre questionados pela população que quer ver também o trabalho da prefeitura.

A dengue mata e existe um perigo iminente de um novo surto, maior ainda que o que tivemos este ano com números próximos de 6 mil casos confirmados e duas mortes. Hoje não é apenas a dengue que é a preocupação das autoridades de saúde, tem também zika vírus, que pode causar a microcefalia em bebês e a chikungunya, todas as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

O Jornal de Lavras (JL) conversou com o secretário Municipal de Saúde, José Mourão Lasmar (JML), para saber dele o que sua pasta está fazendo para conter uma quase certa epidemia. Vale lembrar que a Secretaria Municipal de Saúde está a frente do evento que será realizado amanhã, quarta-feira, dia 16, às 19h30, no auditório Lane-Morton, o 1º Encontro Municipal de Combate ao Mosquito Aedes aegypti.

(JL) Quantos casos confirmados de dengue foram registrados neste ano de 2015 em Lavras de janeiro até agora?

(JML) No primeiro semestre de 2015 foram mais de 6 mil casos notificados como dengue, destes 5.688 mil, confirmados, ocorrendo dois casos de óbito e um como dengue com complicações. No segundo semestre a Vigilância Epidemiológica recebeu, precisamente, de setembro até a presente data, 12 notificações de suspeitas de dengue, sendo apenas dois casos confirmados.

(JL) O que a Secretaria Municipal de Saúde tem feito para evitar outro surto?

(JML) A Secretaria Municipal de Saúde tem feito inúmeras ações para que não seja instalada nova epidemia no ano de 2016. Durante todo o ano foram feitas muitas ações educativas e preventivas. Os agentes de combate às endemias executam diariamente o trabalho de campo padrão, que consiste em vistorias nas residências, comércios, lotes e outros imóveis além de orientações aos cidadãos. Este trabalho ocorre durante todo o ano, em todos os imóveis do município, os quais somam mais de 46 mil. Há também o tratamento vetorial especial (TVE) que é executado quando surge uma nova notificação de suspeita de contração da dengue. Neste trabalho, os agentes de endemias rastreiam o endereço localizado na ficha de notificação fornecida pelo hospital, o qual recebeu o paciente, e tratam os quarteirões próximos a residência da pessoa com suspeita da doença em um raio de aproximadamente 400 metros, executando logo em seguida o fumacê costal (UBV) para bloqueio do vetor contaminado. Também há vistorias feitas por uma equipe especial de agentes de pontos estratégicos do município, estes podendo ser locais críticos para a proliferação do mosquito aedes aegypti, tais como borracharias, ferros-velhos, alguns pontos na beira de rodovias, cemitérios, dentre outros.

Podemos também citar outras ações com grande importância para o combate ao mosquito aedes aegypti, tais como: Criação do comitê municipal de combate à Dengue, Leishmaniose e Chikungunya; Contratação de agentes pela Secretaria do Meio Ambiente para capina; Capacitação do manejo clínico dos profissionais da saúde; Protocolo de definição dos casos de dengue atendidos no PSF, com o objetivo de descentralizar o atendimento na UPA; Parceria com a Vigilância Sanitária; Denúncia centralizada na Ouvidoria; Definição de critérios de notificação, com elaboração de um check list, segundo orientação do Ministério da Saúde, para notificação de dengue; Definição de ações multisetoriais pelos departamentos participativos do Comitê; Criação do Decreto de Lei de multas para casas reincidentes com foco de dengue (projeto que está na Câmara dos Vereadores para possível aprovação).

Alem disto apresentamos cronograma das principais ações da Secretaria Municipal de Saúde de novembro a dezembro de 2015: 25/11/2015 – Palestra educativa de prevenção e combate à dengue, em parceria com o departamento de Meio Ambiente; 26/11/2015 – Mutirão no Vale de Sol com troca de mudas; 28/11/2015 – Panfletagem e orientação combate à dengue no bairro Fonte Verde; 30/11/2015 a 01/12/2015 – Capacitação da Secretaria Regional de Saúde sobre UBV (fumacê costal) para agentes de endemias 01/12/2015 a 17/12/2015 – Curso de capacitação online da UMA/SUS sobre diagnóstico de dengue para profissionais de saúde dos PSF e médicos do município; 03/12/2015 – Mutirão na Vila São Francisco com troca de mudas; 05/12/2015 – Passeata e panfletagem da campanha de combate à dengue nas principais ruas da cidade; 09/12/2015 – Blitz educativa de prevenção a dengue nos semáforos do centro da cidade; 09/12/2015 a 10/12/2015 – Supervisão da S.R.S. do serviço de campo dos agentes de endemias e reunião com Roselane, Coordenadora de Vetores – Secretaria Regional de Saúde; 10/12/2015 – Mutirão no Jardim Floresta com troca de mudas; 11/12/2015 e 12/12/2015 – Ação "Velório da Dengue" na Praça Dr. Augusto Silva; 16/12/2015 – 1º Encontro Municipal de Combate ao mosquito aedes aegypti; 17/12/2015 – Mutirão na Água Limpa com troca de mudas; 18/12/2015 e 19/12/2015 – Ação "Velório da Dengue" na Praça Augusto Silvar.

Algumas ações já programadas para o primeiro quadrimestre de 2016, lembrando que iremos repetir ações executadas em 2015 que mais deram resultados.

(JL) O que o senhor pretende fazer no dia 16, no 1º Encontro Municipal de Combate ao Mosquito Aedes aegypti?

(JML) Nosso objetivo nada mais é do que tentar acabar com o mosquito aedes aegypti. E para isto acontecer diversas ações estão sendo colocadas em prática: Passeatas, arrastões, mutirões de limpeza, palestras, campanhas nas escolas, nas empresas, Velórios, etc. Este Encontro é também uma destas ações, ou seja, mobilizar toda a população, através de Instituições religiosas, associações de bairros, Instituições públicas, Instituições de ensino, empresas particulares, Ministério Público, Imprensa, enfim, mobilizar toda a sociedade para uma campanha de conscientização para que juntos, possamos derrotar o mosquito aedes aegypti. Tarefa difícil, mas não impossível, pois o fardo se torna leve quando ele é dividido por todos, quanto a sociedade ou o poder público carrega sozinho ai sim ele se torna pesado. E pesado também é o resultado, as consequências que o mosquito trás para todos nós ... caso ele saia vencedor desta batalha. Nossa intenção no final do Encontro, será de ampliar nosso Comitê Municipal de combate a dengue, não somente no nome, mas também ampliar nas ações, na quantidade de parceiros, aumentar principalmente a quantidade de pessoas e Instituições compromissadas naquilo que é nosso objetivo: acabar com o mosquito.

(JL) O senhor não se sente desconfortável em pedir a população para fazer a parte dela e ver que a Prefeitura não promove capina, não limpa as ruas, não desobstrui bueiros e outras ações básicas?

(JML) De maneira nenhuma. Temos ações exclusivas da Secretaria Municipal de Saúde e ações compartilhadas com outras Secretarias. Estamos atravessando um período difícil, que será passageiro, e isto jamais nos fará desistir. A Secretaria Municipal de Saúde não age sozinha. Por exemplo, temos uma equipe com aproximadamente 30 servidores da Secretaria Municipal de Saúde, que está executando com dedicação a capina de vários terrenos pertencentes ao município. Outro exemplo... Estamos lançando um projeto de ressocialização com o apoio do Poder Judiciário em parceria com a Secretaria Municipal de Administração, Secretaria Municipal de Obras e com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que será de grande utilidade no combate ao mosquito, ou seja, pessoas que tiveram suas penas convertidas em trabalho voluntário, que irão nos ajudar a fazer limpezas de nossas ruas.  Mais um exemplo: estamos lançando com o apoio da Secretaria de Administração e da Assessoria Jurídica até o início de janeiro, a contratação de 20 agentes de combate a endemias por um período de 05 a 06 meses, aumentando nosso efetivo de agentes no período que historicamente é o mais critico. Não estamos passando a responsabilidade de combater o mosquito para a população, estamos conscientizando a nossa sociedade que para ganhar a guerra com o mosquito, precisamos ser aliados. Ou seja, temos ações que iremos agir individualmente, ou seja, ações que o poder público irá executar, ações que a população irá executar, bem como ações que iremos executar juntos. (o objetivo do Comitê é este).

Estamos cientes que temos falhas, como qualquer serviço público tem, seja a nível federal, estadual ou municipal, mas como sempre falo, não temos a prepotência que não iremos falhar, mas temos a obrigação de minimizar estas falhas.

Temos alguns problemas na limpeza de nossas ruas, nas limpezas de bueiros, nas coletas de lixo, etc... Mas tenho também a certeza de que a equipe comandada pelos competentes Secretários Eduardo Jeha / Celso Andrade (Secretaria Municipal de Obras e Regulação Urbana) e Antonio Cláudio Davide (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), são profissionais experientes e compromissados com os ideais do Prefeito Professor Silas.

(JL) Qual sua mensagem para o cidadão lavrense?

(JML) Não podemos deixar a banalidade, o acaso, a indiferença acabar com o ser humano. Devemos ter o compromisso de sermos e fazermos à diferença onde quer que nós estejamos. Devemos ter sempre a obrigação de deixar o melhor para nossos filhos e netos, pois nossos pais e avós fizeram isto conosco. Não posso confiar minha vida na famosa frase; "Se Deus quiser eu não pego dengue... Tenho certeza que Deus não quer... nós pegamos dengue se quisermos... A opção é nossa... Deus não faz por nós... aquilo que nós podemos fazer... Deus faz por nós... aquilo que não podemos fazer.