"Túnel" da Zona Norte

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Segunda-feira, dia 14 de setembro, foi uma data lembrada por muitos moradores da Zona Norte da cidade, isso porque fez exatamente um ano que foi inaugurada uma das obras mais pedida pelos moradores daquela região da cidade, a abertura de uma segunda passagem sob a linha férrea, o chamado "Túnel da Zona Norte", um gargalo que durante anos represou o crescimento daquela região.

Não se sabe exatamente quantos anos tem o "túnel", mas o registro mais antigo que se tem dele é também de setembro, mas de 1894, quando se ouviu pela primeira vez na cidade o apito de uma locomotiva, que às 15 horas do dia 17 de setembro de 1894 foi recebida com muita emoção pelos lavrenses. Na oportunidade, falou em nome da comunidade o alferes José Sylvio do Amaral, que saudou a Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas, representada pelos senhores: Randolpho Paiva, Antônio Francisco Rocha e Joaquim Braga. Foi a primeira vez que o "túnel" foi usado, quando a locomotiva passou sobre ele, trazendo o progresso para Lavras.

Com o passar dos anos, a pequena Lavras foi crescendo e surgiram bairros que hoje fazem parte da história de Lavras, como a Lavrinhas, que abrigava os trabalhadores da Estrada de Ferro e da Fabril Mineira. Mais tarde chegou a Metalúrgica Matarazzo, gerando mais empregos.

Acontece que o "túnel" que trouxe o progresso para Lavras, passou a dificultar investimentos na cidade. Para se ter uma ideia, no auge da Metalúrgica Matarazzo, um dos maiores grupos empresariais do Brasil, que teve uma unidade fabril em Lavras, onde hoje é a Metalúrgica Mardel, estudou-se a possibilidade de transformar Lavras em um dos centros mais importantes da então chamada Metalma (foto à direita: um brinquedo que era produzido em Lavras pela Metalma). Uma grande unidade de estamparia seria instalada na cidade, ampliando a planta da fábrica.

O projeto só não seguiu adiante exatamente por causa do gargalo do "túnel", que impossibilitava a passagem de grandes equipamentos e caminhões de transportes. Na época estudou-se uma passagem sobre a linha férrea, o que seria a continuação da avenida Pedro Salles e atravessaria sobre a linha, porém, a Rede Ferroviária não permitiu, com isso, Lavras perdeu uma das maiores unidades de estamparia da América Latina, que foi implantada na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O gargalo atrasou a região da Zona Norte por décadas e foi um desafio para muitos prefeitos, desde a década de 70, quando Maurício Pádua, o primeiro prefeito que demonstrou vontade e interesse em fazer o alargamento da passagem sob a linha férrea, porém, foi impedido por diversos fatores. De 1976 até 14 de setembro de 2014, a passagem desafiou políticos e empresários. (Foto à esquerda: como era o "Túnel")

Com recursos viabilizados pelos deputados Domingos Sávio (PSDB) e Fábio Cherem (PSD), juntos aos governos federal e estadual, foi realizada a tão sonhada obra, que foi concluída graças a contrapartida da Prefeitura de Lavras, a obra terminou dentro do orçamento, sem aditivos. A obra se mostra segura no dia-a-dia, já que sobre ela passam composições da FCA (Ferrovia Centro-AtLântica), além de não ter sofrido abalos ou alagamento durante os fortes eventos climáticos recentemente ocorridos em Lavras com o temporal do dia 25 de agosto deste ano. 

A passagem sob a linha férrea recebeu a denominação de "Luiz Cherem", por proposta apresentada à Câmara Municipal pelo vereador Marcos Possato e aprovado por todos. Luiz Cherem foi empresário e pai do deputado Fábio Cherem e do então prefeito Marcos Cherem, que conseguiu realizar uma obra que desafiou administrações. Graças à abertura da passagem, existem estudos para fazer uma saída para a rodovia Fernão Dias através da denominada "estrada da Ponte do Funil", levando até Perdões. Também de condomínios às margens da represa do Funil e grandes investimentos do gênero.