Depol de Lavras (Foto: Jornal de Lavras)
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A Polícia Civil de Lavras está investigando uma suposta adoção irregular de um recém-nascido que teria sido entregue a um casal do Rio de Janeiro com ajuda de uma médica ginecologista que acompanhou a gravidez da mãe. O caso levantou suspeitas porque funcionários do Programa de Saúde da Família (PSF) da Chacrinha perceberam que havia algo errado na apresentação de documentos durante a realização do teste do pezinho.
Uma mulher de nome Regina levou a criança para realizar o teste, porém, na carteira de vacinas constava o nome da mãe como Márcia, o que chamou a atenção dos funcionários do PSF. A médica, que estava ao lado, interferiu dizendo que estava tudo certo, pois teria sido ela mesma que havia realizado o parto da criança na Santa Casa de Perdões no dia 5. Um contato foi feito com o hospital e os funcionários da PSF foram informados que não houve registro de internação de parto com o nome de Regina. Imediatamente eles acionaram o Conselho Tutelar e a Polícia Militar.
O que se apurou é que a mãe biológica, Márcia Regina Alves Damasceno, de 41 anos, deu à luz a uma menina do dia 5 de fevereiro, na Santa Casa de Perdões. Segundo ela, a criança é fruto de um relacionamento extraconjugal, e como ela ainda vive na casa do ex-marido e ele havia dito que não ia aceitar a criança, ela resolveu doar o bebê a um casal que, segundo ela, teria sido arrumado pela médica Vera Lúcia Cavalcante Bello.
Segundo investigações preliminares, o casal teria contratado a advogada Luciana Maria de Souza Furtado Ferreira, da cidade de Luminárias, para providenciar a adoção e foi ela quem teria levado a criança nos braços para entregar ao casal, ela aparece nas imagens das câmeras de monitoramento da Santa Casa de Perdões. A Polícia Civil entrou no caso e o delegado Vitor Matsuoka descobriu que o casal é parente da médica Vera Lúcia.
O casal Ricardo Marques Fajardo da Veiga Rezende, 36 anos, e Débora Gasse Silva Fajardo Rezende, 42 anos, forneceram endereço na cidade de Luminárias, segundo o casal, eles moravam na rua Aristóbulo Silva, 16, porém, ninguém conhece o casal naquela cidade e ficou comprovado que eles não residiam naquele endereço.
De acordo com a Polícia Civil, a advogada Luciana Maria de Souza Furtado Ferreira redigiu um documento, que seria um termo de guarda, mas ele não tem nenhum valor legal. De acordo com o delegado Vitor Matsuoka, "esse documento juridicamente não tem validade. O documento dizia que a mãe biológica passava a guarda para esse casal. A mãe biológica assinou e reconheceu firma, só isso", disse.
A polícia descobriu na bolsa da mãe biológica um comprovante de depósito efetuado dois dias antes do nascimento da criança, no valor de R$ 2,8 mil. O comprovante de depósito agora é alvo de investigação e, se for apurado que o recém-nascido foi vendido, a situação dos supostos envolvidos ficará bastante complicada.
"Se ficar provado que ou o casal ou alguém a mando do casal fez esse depósito na conta da mãe biológica, já configura o artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com pena de reclusão de 1 a 4 anos", disse o delegado. A mãe nega que teria negociado a venda do bebê.
Ontem, quinta-feira, dia 12, o casal Ricardo e Débora, que supostamente querem adotar a criança, prestou depoimento na delegacia de Lavras. A médica Vera Lúcia Cavalcante Bello e a advogada Luciana Maria de Souza Furtado Ferreira serão ouvidas na próxima semana. Somente então será possível afirmar se houve crime ou não e, se houve, quem está envolvido.
Enquanto o caso é investigado, o bebê vai ficar sob a responsabilidade de um abrigo em Lavras.
